Estima-se que a perda de visão central afete cerca de 10% da população com mais de 80 anos
Redator
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 15h09.
Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 15h14.
A Science Corporation, fundada por Max Hodak, ex-presidente da Neuralink, a empresa de chips cerebrais de Elon Musk, deu um grande passo em relação à rival ao adquirir um implante de visão inovador, já em fase avançada de testes, por um preço de liquidação.
Esse dispositivo oferece uma forma de "visão artificial", permitindo que pacientes leiam textos e resolvam palavras cruzadas, conforme relatado no New England Journal of Medicine.
O implante é um chip microeletrônico colocado sob a retina que, usando sinais de uma câmera acoplada a óculos, emite impulsos elétricos para contornar as células fotorreceptoras danificadas pela degeneração macular. Essa é a principal causa de perda de visão entre idosos.
De acordo com José-Alain Sahel, cientista da Universidade de Pittsburgh que liderou os testes do sistema PRIMA, o impacto é impressionante: “Uma paciente no Reino Unido está lendo um livro, o que é inédito.”
Até o ano passado, o dispositivo estava sendo desenvolvido pela Pixium Vision, uma startup francesa cofundada por Sahel. No entanto, devido a dificuldades financeiras, a empresa teve de vender seus ativos à Science Corporation por cerca de € 4 milhões (US$ 4,7 milhões).
A aquisição deu à Science acesso rápido a uma tecnologia avançada em estágio próximo do mercado. A empresa já solicitou aprovação para comercializar o chip ocular na Europa e está em negociações com reguladores nos EUA.
Fundada em 2021, a Science já levantou cerca de US$ 290 milhões, segundo a Pitchbook, e utilizou o capital para financiar pesquisas sobre interfaces cerebrais e tratamentos para a visão.
Cofundador e primeiro presidente da Neuralink, de onde saiu em 2021, Hodak tem como objetivo criar uma grande empresa independente de tecnologia médica, com padrões de comparação ambiciosos, como Apple, Samsung ou Alphabet (Google).
Até agora, o PRIMA já foi implantado em 38 pacientes na Europa. A tecnologia permite que, em média, eles leiam cinco linhas a mais em uma tabela de visão (como aquelas usadas, por exemplo, em exames para tirar a carteira de habilitação).
O dispositivo trata a perda de visão central em pessoas com atrofia geográfica, ou seja, aquelas que mantêm a visão periférica, mas não conseguem enxergar objetos diretamente à frente. Estima-se que esse problema afete cerca de 10% da população com mais de 80 anos. O próximo passo é miniaturizar ainda mais o sistema, com um protótipo de óculos mais práticos para o uso diário.