Segundo Lee Jong-hwan, professor da Universidade de Sangmyung em Seul, a Apple preferiu a Samsung por ela possuir plantas nos EUA, o que a torna mais competitiva em um cenário de tarifas (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Redator
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 10h20.
A Samsung produzirá sensores de imagem digitais para a Apple em suas instalações nos EUA, um movimento que reforça os benefícios obtidos pelas empresas de tecnologia sul-coreanas por seus investimentos no país e as políticas tarifárias agressivas do presidente Donald Trump.
Nesta quarta-feira, 6, a empresa norte-americana anunciou que trabalhará com a unidade de semicondutores da Samsung em Austin, no Texas, para lançar uma nova tecnologia de fabricação de chips inédita no mundo.
Embora as empresas não tenham especificado qual tecnologia será implementada, fontes do Financial Times próximas ao acordo indicam que a Samsung fabricará sensores de imagem empilhados em três camadas, os quais são usados nas câmeras de smartphones para captura de fotos. A parceria visa o iPhone 18, previsto para ser lançado no próximo ano.
De acordo com a Apple, ao trazer essa tecnologia para os EUA, a unidade de Austin fornecerá chips que otimizarão o desempenho e a potência dos dispositivos da empresa, incluindo os iPhones que serão enviados ao redor do mundo.
Esse acordo faz parte de um plano anunciado por Tim Cook, CEO da Apple, na Casa Branca, para aumentar os investimentos da empresa nos EUA em US$ 100 bilhões. O anúncio ocorreu no mesmo dia em que Trump ameaçou impor uma tarifa de 100% sobre os chips importados para o país, mas garantiu que empresas como a Apple, que investem localmente, poderiam evitar essa nova taxa.
Empresas como a Samsung e sua rival SK Hynix estão investindo bilhões de dólares em instalações avançadas de manufatura nos EUA. O ministro do Comércio da Coreia do Sul, Yeo Han-koo, afirmou que essas duas fabricantes de chips não seriam afetadas pela tarifa de 100%, destacando que não haveria tratamento injusto em relação a outros países, como parte de um acordo comercial entre Seul e Washington.
Especialistas apontam que a Samsung conseguiu fechar o acordo com a Apple devido às tarifas iminentes sobre chips estrangeiros. A decisão também representa uma mudança importante no fornecimento de sensores de imagem, que anteriormente estava sob a responsabilidade exclusiva da Sony, mas eram produzidos pela TSMC no Japão.
Segundo Lee Jong-hwan, professor da Universidade de Sangmyung em Seul, a Apple preferiu a Samsung por ela possuir plantas nos EUA, o que a torna mais competitiva em um cenário de tarifas.
Com isso, a Samsung reconquista uma parceria importante com a Apple, após um período de rivalidade nos anos 2010 envolvendo disputa sobre patentes. Naquele momento, a empresa norte-americana passou a encomendar chips da taiwanesa TSMC.
Além disso, esse movimento se segue a um outro acordo de US$ 16,5 bilhões, por meio do qual a Samsung fabricará chips de inteligência artificial para a Tesla. Analistas veem o acordo como um sinal da recuperação da sul-coreana, que agora poderá expandir sua capacidade nos EUA e reduzir perdas em sua divisão de fundição.