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Como o genro de Trump destravou a compra de US$ 55 bilhões da Electronic Arts

Jared Kushner usou laços na Arábia Saudita para viabilizar um dos maiores negócios da história do setor de games

Jared Kushner: genro de Trump articulou a maior aquisição com capital de private equity em Wall Street (Joe Raedle/Getty Images)

Jared Kushner: genro de Trump articulou a maior aquisição com capital de private equity em Wall Street (Joe Raedle/Getty Images)

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 09h42.

A aquisição de US$ 55 bilhões da desenvolvedora de videogames Electronic Arts (EA) contou com papel central de Jared Kushner, genro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Segundo o jornal britânico Financial Times, foi Kushner quem conseguiu destravar o negócio ao mobilizar laços construídos durante sua atuação como enviado ao Oriente Médio na primeira gestão Trump.

Ele iniciou as conversas ainda no começo de 2025 ao lado de Egon Durban, co-CEO do fundo de private equity Silver Lake. Juntos, apresentaram a proposta à EA, que é dona de jogos como "The Sims" e "Battlefield".

Arábia Saudita aposta em games

O consórcio de compradores é liderado pelo Fundo Soberano da Arábia Saudita (PIF), que será o novo controlador da EA após aportar a maior parte do capital. O Silver Lake ficará com participação minoritária relevante, enquanto o fundo Affinity Partners, de Kushner, terá cerca de 5%.

O financiamento incluiu US$ 36 bilhões em capital e US$ 20 bilhões em dívida estruturada pelo JPMorgan. Segundo o Financial Times, o presidente do banco, Jamie Dimon, apoiou a transação, que é considerada a maior aquisição com capital de private equity já realizada em Wall Street.

O negócio também foi aprovado pelo príncipe saudita Mohammed bin Salman, que aposta na diversificação da economia do país para além do petróleo. Ele já havia separado US$ 38 bilhões, via a unidade Savvy Games do PIF, para investimentos em estúdios globais de videogames.

O PIF possui participação em empresas como Nintendo e Take-Two Interactive. A compra da EA aprofunda essa aposta cultural e financeira da Arábia Saudita no setor de entretenimento e inovação, em um país que até poucos anos proibia cinemas e shows.

O papel decisivo do genro de Trump

De acordo com fontes citadas pelo Financial Times, o Silver Lake estudava a compra da EA há mais de uma década, mas o negócio não se concretizava. O fundo apostava que Kushner, cujo fundo Affinity Partners é financiado pelo PIF, pudesse ajudar a destravar o negócio.

“Kushner tem uma relação pessoal e laços profundos na Arábia Saudita. Ele está muito à vontade para atuar no Oriente Médio. Isso criou uma base de confiança”, disse uma pessoa próxima às negociações ao jornal britânico.

A presença do genro de Trump também é vista como fator que pode facilitar a aprovação regulatória em Washington. Um interlocutor ouvido pelo FT afirmou: “Que regulador vai dizer não ao genro do presidente?”.

Próximos passos da EA

O conselho da EA, assessorado pelo Goldman Sachs e pelo escritório de advocacia Wachtell Lipton, conseguiu extrair um prêmio de 25% sobre o preço das ações, que estavam estagnadas havia cinco anos. O valor fechado foi de US$ 210 por ação.

A empresa manterá o atual CEO, Andrew Wilson, e o consórcio já avalia usar ações privadas da EA para futuras aquisições no setor de jogos. Caso o acordo não seja concluído, os compradores terão de pagar uma multa rescisória de US$ 1 bilhão.

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