Agência
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 15h24.
Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 15h34.
O avanço dos agentes inteligentes entrou na fase de comercialização na China, com grandes empresas de tecnologia como Alibaba, Tencent, ByteDance e Meituan anunciando novas plataformas e modelos voltados para sistemas capazes de raciocinar em múltiplas etapas, executar tarefas complexas e consumir grandes volumes de tokens — unidades que medem o processamento em modelos de IA.
Essa demanda crescente está pressionando a necessidade por mais nuvem e poder computacional, resultando em um aumento significativo nas receitas e investimentos em capex (investimentos em bens de capital como data centers e infraestrutura de nuvem).
No Alibaba, o Laboratório Tongyi apresentou o AgentScope 1.0, uma estrutura de desenvolvimento para sistemas multiagentes que abrange todo o ciclo de vida, do desenvolvimento ao monitoramento.
No mesmo dia, a Tencent lançou o código aberto do Youtu-Agent, enquanto a ByteDance disponibilizou sua plataforma Kouzi Space nas lojas da Apple e Android. A Meituan, por sua vez, liberou o LongCat-Flash-Chat, um modelo com 560 bilhões de parâmetros que, de acordo com testes, superou o desempenho de sistemas como o DeepSeek-V3.1 e o GPT-4.1.
Esses lançamentos reforçam a transformação comercial dos agentes de IA. A Manus, uma startup chinesa do setor, relatou que, desde março, alcançou uma receita anual recorrente de US$ 90 milhões, um número próximo de US$ 100 milhões.
O crescimento dos agentes de IA está intimamente ligado ao aumento do consumo de tokens. Para atender a essa demanda, as empresas chinesas têm ampliado seus investimentos em nuvem.
No segundo trimestre, a Alibaba Cloud registrou uma receita de RMB 33,39 bilhões, aumento de 26% em relação ao ano anterior, a maior alta em três anos. O capex da Alibaba somou RMB 38,67 bilhões, alta impressionante de 220%.
A Tencent, por sua vez, reportou receita de RMB 55,53 bilhões em sua divisão de nuvem e fintech, representando aumento de 10% em relação ao ano passado. Seu capex foi de RMB 19,1 bilhões, aumento de 119%. Já o Baidu alcançou RMB 10 bilhões em receita de nuvem e investiu RMB 3,8 bilhões em capex, um crescimento de 79%.
De acordo com o banco Jefferies, os quatro maiores provedores de nuvem da China investiram US$ 45 bilhões nos últimos 12 meses. Embora esse valor represente apenas 15% dos gastos de gigantes dos EUA como Microsoft, Meta e Google, a taxa de crescimento das empresas chinesas supera a dos concorrentes americanos. Desde o fim de 2023, o capex das empresas de nuvem da China triplicou, e sua participação na receita já é maior do que a observada entre os gigantes globais.
Enquanto as empresas chinesas investem massivamente em nuvem, os rivais globais também seguem aumentando seus aportes. A Microsoft destinou US$ 24,2 bilhões ao capex no segundo trimestre de 2025, aumento de 27% em relação ao ano anterior. A Meta, por sua vez, elevou sua previsão anual para US$ 66 bilhões, e o Google espera investir US$ 85 bilhões até 2025.
Essa escalada nos investimentos é impulsionada pelo crescimento no consumo de tokens. Por exemplo, uma única execução da Manus pode demandar até 100 mil tokens, com um custo médio de US$ 2 por execução.
O aumento da dependência de agentes de IA levanta preocupações com a segurança. Segundo dados da F5, 96% das empresas globais já utilizam modelos de IA, e 91% adotam soluções de proteção específicas. Mohan Veloo, CTO da F5 para a Ásia-Pacífico, afirmou que, dentro de um a dois anos, todos os aplicativos se tornarão aplicativos de IA, o que exigirá estratégias dinâmicas de defesa para proteger sistemas e dados.
Além dos agentes digitais, cresce o investimento em IA incorporada. A Nvidia lançou em agosto o supercomputador Jetson AGX Thor, projetado para robôs humanoides. O equipamento possui uma capacidade de processamento 7,5 vezes maior que a geração anterior, sendo adequado para aplicações em tempo real.
Na China, apesar dos desafios relacionados a dados, espera-se um grande aumento na venda de robôs humanoides. As vendas locais devem saltar de 2,4 mil unidades em 2024 para mais de 10 mil em 2025. O mercado de IA incorporada na China pode alcançar RMB 5,3 bilhões em 2025, e RMB 103,8 bilhões até 2030, de acordo com estimativas.
A Bloomberg projeta que mais da metade dos robôs humanoides produzidos em 2025 será chinesa. O CitiBank, por sua vez, prevê que o mercado global de IA física e robótica humanoide atinja US$ 7 trilhões até 2050.