Donald Trump: presidente dos EUA
Redator
Publicado em 21 de maio de 2025 às 13h06.
Focada em bens físicos, a guerra comercial iniciada por Donald Trump coloca em risco um dos principais ativos tecnológicos dos EUA: a exportação de serviços digitais. Enquanto o país é deficitário em trilhões de dólares naqueles, estes representam um superávit estimado em US$ 600 bilhões, segundo relatório da Allianz Trade.
Esses “bens invisíveis” incluem, por exemplo, serviços financeiros, de publicidade digital, streamings, plataformas de nuvem e pagamentos online. Sustentados por gigantes da tecnologia e uma robusta infraestrutura de dados, essas exportações têm crescido muito mais rapidamente que as tradicionais e são fundamentais para a liderança americana no comércio global. Entretanto, a mensuração dessas transações é complexa, pois muitas operações ocorrem por meio de afiliadas estrangeiras e ficam fora das estatísticas tradicionais.
Por isso, a atual política de taxação implementada por Donald Trump pode provocar retaliações, especialmente da União Europeia, exatamente contra esse setor liderado pelos EUA, atingindo receitas de publicidade digital e outros serviços norte-americanos, muitos ofertados por big techs, aliadas do presidente em seu segundo mandato. Isso poderia resultar, inclusive, em uma fragmentação da internet, obrigando empresas a personalizar as ferramentas conforme a região onde os usuários estão localizados, além do aumento de custos, por exemplo, com compliance, e prejuízos à inovação.
Após uma aparente trégua e o início de diálogos entre Estados Unidos e China, as tensões voltaram a aumentar com as ameaças chinesas de que medidas legais podem ser tomadas contra qualquer um que aplicar as mesmas restrições dos EUA aos chips da Huawei, uma medida que agrava a disputa tecnológica.
Na quarta-feira, 21, o Ministério do Comércio da China afirmou que essas medidas podem violar a Anti-Foreign Sanctions Law, uma lei aprovada em 2021, momento no qual sanções estrangeiras a pessoas e empresas chinesas já cresciam. As possíveis punições, entretanto, não foram especificadas.
A reação chinesa ocorreu após o Departamento de Comércio dos Estados Unidos dizer que o uso de semicondutores da Huawei “em qualquer parte do mundo” violaria controles de exportação do país. Apesar da referência ao local ter sido posteriormente removida, o país classifica as ações do governo Trump como prejudiciais às recentes conversas em Genebra.
Mesmo com o novo aumento das tensões, o diálogo diplomático segue aberto. Ainda que um acordo sobre tarifas possa ser alcançado, Graham Webster, especialista do Centro de Políticas Cibernéticas da Universidade de Stanford, avalia que as restrições tecnológicas continuarão em vigor.