Repórter
Publicado em 7 de julho de 2025 às 17h57.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 18h38.
Muito se fala em “hábitos de sucesso” — geralmente com promessas vagas de produtividade e riqueza. Mas, quando se olha para estudos acadêmicos sérios, fica claro que não existe mágica: o que há são práticas mensuráveis que moldam a forma como profissionais tomam decisões, criam relações e sustentam resultados no longo prazo.
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Entre essas práticas, o autoconhecimento aparece de forma quase unânime como alicerce. Um estudo conduzido por Tasha Eurich e publicado na Harvard Business Review mostrou que profissionais com alta consciência de si mesmos tomam melhores decisões e conseguem desenvolver relações mais produtivas no trabalho.
É algo que vai além do clichê de “conheça a si mesmo”: envolve entender reações, limites, pontos fortes e o impacto que se tem nos outros. Pesquisadores como David Vago, de Harvard, também destacam como práticas de mindfulness ajudam a desenvolver essa habilidade, fortalecendo a regulação emocional, algo diretamente associado a melhor desempenho profissional.
Outro aspecto essencial é o planejamento. Não é apenas fazer listas de tarefas: estudos liderados por Robinson e Pearce nos Estados Unidos demonstraram que o planejamento estratégico tem impacto direto e mensurável na produtividade e até nos resultados financeiros. É o velho hábito de definir prioridades, organizar o dia e manter compromissos sob controle, algo que a pesquisa mostra ser fundamental para converter esforço em progresso real.
E o aprendizado contínuo? É mais do que um chavão corporativo. Basta olhar para figuras como Bill Gates, que lê cerca de 50 livros por ano, ou Warren Buffett, que já dedicou até 80% do seu dia à leitura. Não são apenas casos isolados ou folclóricos: são exemplos frequentemente citados em estudos sobre aprendizagem autodirigida como estratégia para renovar repertórios e manter a mente afiada. Eles demonstram que o hábito de estudar, questionar e absorver novos conhecimentos é parte estruturante de carreiras longevas e bem-sucedidas.
O desenvolvimento de traços de personalidade também tem respaldo científico robusto. Um estudo liderado por Kevin Hoff, da University of Houston, acompanhou mais de 1.700 pessoas ao longo de 12 anos e revelou que quem desenvolve traços como consciência, estabilidade emocional e extroversão tende a alcançar salários mais altos e maior satisfação no trabalho. Não é questão de “personalidade fixa”, mas de investir no próprio amadurecimento emocional e relacional.
Outro fator muitas vezes subestimado é a generosidade no ambiente de trabalho. O psicólogo organizacional Adam Grant, da Wharton School, mostrou em estudos recentes (2024) que profissionais generosos não são “bobos” ou “ingênuos”: eles constroem redes de confiança que se transformam em vantagens competitivas reais, gerando ambientes colaborativos onde todos têm maior chance de prosperar.
E há ainda a resiliência, que ganha destaque especialmente em um mercado cada vez mais volátil. Pesquisas publicadas na Frontiers in Psychology em 2024 reuniram dado confirmando que a capacidade de aprender com as adversidades é um dos fatores mais preditivos de sucesso. Profissionais resilientes mantêm o foco mesmo em cenários adversos, ajustam planos e não se abalam facilmente com fracassos.
O resultado de tudo isso? O sucesso profissional se mostra menos um destino fortuito e mais um caminho pavimentado por hábitos cultivados com intenção. Nada de soluções fáceis ou “gurus” milagrosos. Mas sim práticas comprovadas, que qualquer pessoa pode adotar: conhecer-se melhor, planejar com cuidado, estudar continuamente, investir no próprio amadurecimento, cultivar a colaboração e aprender com os tombos.