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Quem é Pavel Durov, o bilionário que fundou o Telegram, que agora rivaliza com o WhatsApp

CEO e cofundador do Telegram anunciou recentemente que todos seus 100 filhos terão acesso à sua fortuna, de US$ 13,9 bilhões

Pavel Durov: bilionário que fundou o Telegram (Chris Ratcliffe/Getty Images)

Pavel Durov: bilionário que fundou o Telegram (Chris Ratcliffe/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de junho de 2025 às 06h00.

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Pavel Durov, cofundador e CEO do Telegram, afirmou recentemente que, apesar de ter mais de 100 filhos, todos terão acesso à sua fortuna eventualmente. Em entrevista ao veículo francês Le Point, o concorrente do Whatsapp declarou ser "pai oficial" de seis filhos, provenientes de três parceiras diferentes, e que, após doar esperma, tem mais de 100 filhos em 12 países.

“Não faço distinção entre meus filhos. Há os concebidos naturalmente e os que nasceram por doações de esperma. Todos são meus filhos e terão os mesmos direitos. Não quero que se destruam após minha morte", afirmou o empresário.

Ele também mencionou que escreveu seu testamento, decidindo que seus filhos não terão acesso à sua fortuna até completarem 30 anos. "Quero que vivam como pessoas normais, que construam suas próprias vidas, aprendam a confiar em si mesmas, que sejam capazes de criar e não dependam de uma conta bancária", explicou.

Apesar de ter 40 anos, Durov afirmou que o testamento foi feito devido aos riscos envolvidos em seu trabalho e aos inimigos que possui, incluindo "Estados poderosos".

Em 2024, Durov anunciou que o Telegram obteve seu primeiro lucro líquido, com um volume de negócios superior a um bilhão de dólares (R$ 6,16 bilhões, na cotação atual).

Conheça a trajetória de Pavel Durov

Pavel Durov nasceu em São Petersburgo, na Rússia soviética, e cofundou o serviço de mensagens criptografadas Telegram em 2013, ao lado de seu irmão Nikolai. A família dos irmãos era composta por intelectuais, de acordo com a biografia publicada no site da Digital-Life-Design Conference. Durov também palestrou no evento em janeiro de 2012.

Atualmente, Durov possui um patrimônio de US$ 17,1 bilhões, segundo a Forbes. Grande parte de sua fortuna provém do Telegram, que, segundo ele, alcançou 1 bilhão de usuários em março de 2025. Em seu canal no Telegram, Durov comparou o WhatsApp ao seu serviço, chamando-o de "imitação barata", e criticou os esforços da plataforma rival para copiar suas inovações.

O ano de 2024 foi marcante para o Telegram, que obteve seu primeiro lucro. Durov revelou que a plataforma teve receita superior a US$ 1 bilhão e US$ 500 milhões em reservas de caixa. Ele também destacou que o Telegram pagou uma parte significativa dos US$ 2 bilhões em dívidas adquiridas entre 2021 e 2024, após várias rodadas de financiamento, que somaram cerca de US$ 2,4 bilhões.

Durov afirmou à Le Point, em junho, que possui 100% do Telegram, sem interferência de acionistas externos. Antes do Telegram, ele fundou o Vkontakte em 2006, vendendo 12% de sua participação por US$ 300 milhões em 2015. O Vkontakte o tornou famoso, mas também gerou conflitos com o Kremlin, que queria acesso a dados de protestos ucranianos. Durov foi demitido da presidência do Vkontakte em 2014, após o governo tentar tomar o controle da rede. No mesmo ano, o grupo Mail.Ru comprou a plataforma por US$ 1,47 bilhão.

Após deixar a Rússia, Durov usou grande parte dos US$ 200 milhões da venda de suas ações do Vkontakte para fundar o Telegram. Em 2018, o Telegram foi banido na Rússia, após Durov recusar-se a fornecer dados de usuários. O aplicativo voltou a ser acessível no país dois anos depois.

Durov também lançou uma carteira de criptomoedas, Fragment, em 2022. Ele afirmou que a plataforma arrecadou cerca de US$ 50 milhões em nomes de usuário apenas no primeiro mês.

Desde 2017, Durov vive em Dubai, onde o Telegram mantém operações. A mudança de base para Dubai foi estratégica, pois a cidade oferece vantagens fiscais, como a ausência de imposto de renda pessoal. Durov obteve cidadania dos Emirados Árabes Unidos em 2021 e naturalizou-se francês no mesmo ano.

Durov tem presença ativa nas redes sociais, com destaque para postagens provocativas, como a de 2017, no Instagram, onde parodiou o presidente russo Vladimir Putin. Ele também é conhecido por compartilhar fotos de iates, embora nunca tenha confirmado ser proprietário de um. Em 2017, seu perfil foi encontrado no Tinder, com uma foto provocativa, embora tenha afirmado estar "brincando" com o aplicativo.

Em 2024, Durov foi preso pela polícia francesa durante uma investigação sobre atividades criminosas no Telegram. O mandado de prisão alegou que a plataforma estava sendo usada para lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e crimes contra menores. Elon Musk, proprietário do X, defendeu Durov, criticando o uso de leis antigas para responsabilizar CEOs por abusos cometidos por terceiros em suas plataformas.

Durov também anunciou mudanças nas políticas de dados do Telegram. A partir de setembro de 2024, endereços de IP e números de telefone de usuários que violarem as regras da plataforma poderão ser divulgados às autoridades em resposta a solicitações legais válidas.

Em relação à sua vida pessoal, Durov foi acusado de abuso infantil pela ex-companheira Irina Bolgar, mas negou as acusações, afirmando que a disputa era sobre pensão alimentícia. Durov também se envolveu com o movimento pronatalista, financiando tratamentos de fertilização in vitro para mulheres russas e realizando doações de esperma.

Durov expressou opiniões sobre líderes do setor de tecnologia. Ele criticou Elon Musk por ser "muito emocional" e Mark Zuckerberg por não ter "valores fundamentais". Sobre Sam Altman, CEO da OpenAI, Durov elogiou suas habilidades sociais, mas sugeriu que ele carece de expertise técnica.

Por fim, Durov compartilhou sua visão sobre a aceleração tecnológica, prevendo que a inteligência artificial causará dificuldades para profissionais estabelecidos, como advogados e médicos. Ele acredita que, apesar da perda de alguns empregos, novas oportunidades surgirão com a inovação.

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