Três empresas concentram mais de 60% da infraestrutura global de nuvem: AWS (30%), Microsoft Azure (20%) e Google Cloud (13%) (Getty Images/Reprodução)
Redator
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 08h45.
Em um mundo no qual aplicativos de transporte, bancos digitais e plataformas de streaming operam 24 horas por dia, a internet é sustentada por uma base invisível, mas física: a computação em nuvem.
Quando essa espinha dorsal falha, os efeitos são sentidos globalmente. Interrupções recentes na AWS (Amazon Web Services) — braço de nuvem da Amazon — impactaram empresas como Mercado Livre, iFood, Canva e Wellhub e expuseram a fragilidade de uma economia digital concentrada em poucos provedores.
Hoje, segundo a Statista, plataforma alemã especializada em análise e coleta de dados, três empresas concentram mais de 60% da infraestrutura global de nuvem: AWS (30%), Microsoft Azure (20%) e Google Cloud (13%).
A nuvem pode ser comparada a uma concessionária de energia elétrica. Em vez de montar seu próprio data center, empresas contratam capacidade computacional sob demanda — como processamento, armazenamento, bancos de dados ou até recursos de inteligência artificial — e pagam pelo uso.
Essa lógica permite escala, agilidade, flexibilidade e economia, atraindo desde startups até grandes empresas consolidadas.
Criada em 2006, a AWS continua sendo líder incontestável no segmento de infraestrutura de nuvem. Em 2024, ela gerou mais de US$ 108 bilhões em receita e respondeu pela maior parte do lucro operacional da Amazon (cerca de 60%).
Mesmo com o crescimento de outras concorrentes, puxadas pela demanda para IA, a AWS sustenta a dianteira. O mercado global deve ultrapassar US$ 400 bilhões em receitas neste ano, segundo a Statista, marcando um novo patamar histórico para o setor.
Além de AWS, Microsoft Azure e Google Cloud, há outros provedores, mas com atuação regional ou setorial. Alibaba (4%), Oracle (3%) e IBM (2%) são os principais nomes desse grupo.
No segundo trimestre de 2025, os investimentos em infraestrutura cresceram 25% em relação ao mesmo período de 2024 — um salto de US$ 20 bilhões, totalizando US$ 99 bilhões para os três meses que terminaram em junho. Mesmo assim, falhas como a desta segunda-feira, 20, na AWS ainda podem ocorrer e desencadear apagões digitais em escala global.
Por isso, para reduzir a exposição a esses riscos, empresas precisam investir em resiliência digital. Isso inclui, por exemplo, operar em múltiplas zonas de disponibilidade, adotar mais de um provedor de nuvem (multicloud) e utilizar ferramentas de monitoramento e observabilidade em tempo real.