Robotáxis chineses chegam ao Oriente Médio (Didi/Divulgação)
Agência
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 13h05.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 13h13.
A Pony.ai, empresa chinesa de direção autônoma, firmou parceria com a Mowasalat, empresa de transporte do Catar, para avançar na tecnologia e preparar a implantação de veículos autônomos. Os testes começam ainda neste ano, e os serviços comerciais sem motorista estão previstos para 2026.
A colaboração ocorre dois meses após a parceria da Pony.ai com a Autoridade de Estradas e Trânsito de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O movimento integra uma tendência de expansão internacional de empresas chinesas de veículos autônomos.
Em Singapura, a WeRide anunciou que lançará seus robotáxis ainda neste ano em parceria com um provedor local. A empresa já opera robônibus na ilha de Sentosa desde julho, com trajetos fixos de 1,2 km, conectando hotéis e o shopping T Galleria. Desde o fim de 2024, robôs varredores autônomos da WeRide atuam em projetos de saneamento na Marina Coastal Drive e no Esplanade.
Empresas chinesas também têm feito parcerias com plataformas globais de transporte, como Uber, para acelerar a expansão e aumentar a disponibilidade de serviços. Durante o Salão Internacional do Automóvel da Alemanha (IAA Mobility), a Momenta anunciou que lançará robotáxis na rede da Uber em 2026, iniciando por Munique. Os testes incluirão operadores de segurança a bordo.
A Pony.ai, apoiada pela Toyota, planeja lançar seu serviço com a Uber ainda neste ano em um mercado-chave do Oriente Médio, com expansão prevista para outros países. A WeRide ampliará sua cooperação com a Uber para 15 cidades fora da China e dos EUA nos próximos cinco anos. Em Abu Dhabi, a operação comercial de robotáxis começou em dezembro de 2024, com frota prevista de 50 veículos até meados deste ano.
A rápida internacionalização reflete a força doméstica da China. Até agosto de 2024, autoridades chinesas emitiram 16 mil licenças de teste e abriram mais de 32 mil km de estradas para veículos autônomos. Cidades como Pequim, Xangai, Wuhan e Guangzhou concentram projetos piloto de robotáxis.
Zhang Ning, vice-presidente da Pony.ai, afirma que políticas nacionais, como o 14º Plano Quinquenal para o Desenvolvimento da Economia Digital, incentivam a expansão tecnológica. Mais de 50 cidades chinesas possuem regulamentos locais para testes e comercialização de veículos autônomos, sendo 20 delas integradas a programas “veículo-estrada-nuvem”.
A Pony.ai apresentou, em abril, seu sistema automotivo de sétima geração no Salão de Xangai. Os veículos acumularam mais de 50 milhões de km, incluindo operações comerciais em megacidades chinesas e testes internacionais.
A WeRide e a Pony.ai destacam que a expansão internacional prioriza mercados com políticas abertas, infraestrutura adequada e necessidade de soluções de mobilidade, como países com população envelhecida ou escassez de motoristas. Abu Dhabi e Singapura oferecem ambientes regulatórios favoráveis, permitindo o lançamento de frotas-piloto.
O avanço global também responde à pressão de investidores. Parcerias com gigantes como Uber permitem compartilhar riscos e ampliar presença. De acordo com o McKinsey Center for Future Mobility, robotáxis devem alcançar viabilidade comercial em larga escala até 2030. A Grab, do Sudeste Asiático, anunciou investimento de dezenas de milhões de dólares na WeRide para acelerar a implantação de veículos autônomos na região.
Nos EUA, empresas como Waymo e Cruise permanecem concentradas no mercado doméstico, limitado por regulamentações complexas e incidentes de segurança. O contraste mostra que companhias chinesas combinam liderança doméstica com expansão internacional seletiva.
Analistas alertam que adaptação técnica e conformidade regulatória são desafios na expansão internacional. Sistemas calibrados para cidades chinesas exigem ajustes em outros mercados, e modelos de negócios precisam garantir rentabilidade sustentável.
Para James Peng, fundador e CEO da Pony.ai, a estratégia internacional busca atender às necessidades globais de mobilidade e gerar impacto social e econômico. A presença chinesa além das fronteiras sinaliza mudança no cenário global de veículos autônomos, antes dominado por empresas dos EUA.