Tecnologia

Streaming é o futuro ou o fim da indústria musical?

Depois de dez anos de crise profunda, a indústria fonográfica está se reestruturando em torno do "streaming", que permite ouvir uma música sem baixá-la

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2014 às 17h20.

O hábito de ouvir música em "streaming" (execução online) está ganhando espaço em todo o mundo, mas a indústria fonográfica, em plena crise, não para de se questionar: será esta uma oportunidade de se recuperar ou o tiro de misericórdia?

Durante muitos anos, a indústria fonográfica esperou que os "downloads" compensassem a queda de vendas de CDs. No entanto, o volume de músicas baixadas diminuiu no ano passado nos Estados Unidos, pela primeira vez desde a criação do iTunes em 2003.

Depois de dez anos de crise profunda, a indústria fonográfica está se reestruturando em torno do "streaming", que permite ouvir uma música sem baixá-la, por meio da assinatura de um site ou em um portal gratuito, financiado com publicidade.

Segundo a imprensa, a fabricante sul-coreana de eletrônicos Samsung estaria disposta a investir no site francês de música em "streaming" Deezer.

Já seu concorrente Qobuz, também francês, se estabeleceu recentemente em oito países europeus. E nos Estados Unidos, os cofundadores da fabricante de fones de ouvido Beats by Dre acabam de lançar um serviço dedicado a recomendar músicas.

Na Suécia, país pioneiro e lar do aplicativo Spotify, o "streaming" catapultou as vendas da indústria de música gravada, em alta de 5% em 2013 pelo terceiro ano consecutivo. Mas essa tendência não se repetiu em outros países, como a França.

"Este é um mercado que vai se desenvolver porque vai se segmentar segundo a qualidade do som, a recomendação, os gostos musicais, a categoria sócio-profissional do público... Eu acho que a assinatura pode começar muito abaixo e crescer muito mais do que hoje em dia", declarou à AFP o presidente da Qobuz, Yves Riesel.


O problema é que ouvir música em "streaming" rende às casas fonográficas muito menos dinheiro do que os "downloads".

Da parte dos artistas, entre eles as bandas de rock Radiohead e Pink Floyd, cada vez são mais os que se queixam dos escassos ganhos dos músicos, especialmente os estreantes, que não podem contar com um nível elevado de royalties.

Recentemente, frente à dimensão da polêmica, o Spotify revelou o valor que paga aos artistas por cada reprodução de sua peça: em média, US$ 0,007.

"Se as pessoas se limitam a ouvir canções que já conhecem nos sites de 'streaming', não haverá dinheiro para financiar a criação. Temos a responsabilidade comum [com os artistas e as casas fonográficas] de fazer nossos usuários descobrirem novos artistas", argumentou recentemente o presidente do Deezer, Axel Dauchez.

"O 'streaming' está apenas em 5% de seu potencial. Quando tiver alcançado um volume significativo em termos de usuários, os rendimentos serão mais expressivos. É preciso pensar no longo prazo. E não esquecer que antes do 'streaming', o que havia era a pirataria", explicou Eddy Maroun, presidente do serviço libanês Anghami.

Para Yves Riesel, da Qobuz, "o futuro é uma combinação de 'downloads' e 'streaming'".

"Após um acordo com [a dupla francesa] Daft Punk, o iTunes disponibilizou a execução gratuita do último álbum antes de seu lançamento, incentivando as pessoas a encomendá-lo e isso funcionou de forma extraordinária. Os ganhos desse álbum não têm nada a ver como os que haveria se o Daft Punk o tivesse oferecido no Spotify", explicou Riesel.

Acompanhe tudo sobre:ArteCrises em empresasEntretenimentoIndústria da músicaInternetMúsicaServiços

Mais de Tecnologia

TruthSocial, rede social de Trump, passa por instabilidades depois de EUA confirmarem ataque ao Irã

Maior vazamento da história expõe 16 bilhões de senhas — e Brasil está entre os mais afetados

iFood fora do ar? Aplicativo passa por instabilidades neste sábado, 21

Foxconn amplia presença na Índia e deve iniciar produção de carcaças para iPhones no país