Carro autônomo: tecnologia pode funcionar sem motorista, mas ainda é necessário supervisão humana (Leandro Fonseca/Exame)
Freelancer
Publicado em 5 de junho de 2025 às 11h50.
Após anos de promessas de um lançamento iminente, a Tesla finalmente se prepara para lançar seu serviço de táxi robô, programado para este mês em Austin, no Texas.
Porém, a fabricante de Elon Musk chega atrasada ao mercado, tentando alcançar rivais que já oferecem esse serviço em várias cidades dos Estados Unidos. Desde 2018, Musk promete a chegada de veículos autônomos, mas sempre estendeu o prazo. Agora, a Tesla aposta em um modelo mais enxuto e barato, com sensores mais acessíveis e novas tecnologias.
O modelo da Tesla, mais barato e com sensores simplificados, tenta diminuir o custo de produção e competir com as tecnologias avançadas de seus rivais.
Waymo, controlada pela Alphabet (dona do Google), já realiza corridas com passageiros nos EUA e testes no Japão. Em São Francisco, seu serviço tem mais usuários que o da Lyft, popular aplicativo de carona.
Já a WeRide, empresa chinesa, iniciou operações em Abu Dhabi e também está expandindo sua presença internacional.
Essas empresas, no entanto, utilizam tecnologias mais sofisticadas, como sensores avançados e sistemas de mapeamento detalhados, o que as coloca em uma posição de liderança.
Outras concorrentes, como a britânica Wayve e a chinesa Pony AI, investem em inteligência artificial generativa para treinar seus sistemas em situações de risco. A Wayve, por exemplo, afirmou que seu software foi capaz de navegar pelas ruas dos EUA e da Alemanha após apenas algumas semanas de treinamento.
No entanto, o cenário não é apenas de alta tecnologia.
Em outubro do ano passado, analistas do Morgan Stanley estimaram que os modelos da Waymo custavam mais de US$ 120 mil, mas indicaram que a nova geração poderia ter o preço reduzido para US$ 85 mil.
O Goldman Sachs prevê que, até 2030, veículos especializados possam ter um custo de cerca de US$ 50 mil, o que pode tornar o serviço mais acessível.
Apesar da automação dos veículos, a supervisão humana ainda é necessária. De acordo com uma fonte ouvida pela Breakingviews, a Pony AI já permite que um único operador monitore até 12 veículos simultaneamente.
As estimativas do setor indicam que, para cada 5 a 50 carros, é necessário um supervisor. Embora o número de operadores seja pequeno, representando menos de 5% do custo por milha rodada, a supervisão humana continua essencial para garantir a segurança e eficiência das operações.
Caso os planos de Tesla e seus concorrentes se concretizem, os lucros podem chegar mais rapidamente. De acordo com estimativas da Huatai, os veículos da Pony AI custariam cerca de 200 mil yuans (US$ 28 mil) em 2028, com custos anuais de operação girando em torno de 100 mil yuans.
A receita gerada, considerando a tarifa de 3 yuans por quilômetro e a média de 300 quilômetros percorridos por dia, pode superar os custos, criando um modelo de negócio semelhante ao dos taxistas humanos.
Apesar dos avanços tecnológicos, o maior desafio das empresas de táxis robôs é escalar suas operações. Empresas como a Waymo e a WeRide recorrem a parcerias com aplicativos de carona, como o Uber, para atrair passageiros, embora isso reduza suas margens de lucro, já que as plataformas podem ficar com até 30% do valor das corridas, segundo estimativas da TD Cowen.
Fatores geopolíticos também complicam a expansão.
Os EUA já baniram algumas tecnologias veiculares chinesas e novas restrições a chips e equipamentos podem afetar fabricantes como a Baidu e a Pony AI.
Exigências locais, como número mínimo de monitores ou zonas específicas para circulação, também podem aumentar os custos de operação.
Incidentes, como o acidente fatal envolvendo a Cruise em 2023, podem resultar em regras mais rígidas e afastar potenciais clientes. Grupos de lobby também pressionam contra a entrada de veículos autônomos em certas cidades.
Ainda assim, o cenário para os táxis robôs é promissor. Yu Kai, CEO da Horizon Robotics, comparou os carros autônomos atuais a cavalos, dizendo que são "inteligentes o suficiente para te levar do ponto A ao B, mas não a ponto de permitir que você durma no caminho".
Musk também reconheceu as dificuldades. “Chegar a 90% do trajeto é a parte fácil. Os 10% finais são muito mais difíceis”, disse ele, indicando que o caminho até a plena autonomia ainda é um grande desafio.