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TikTok: acordo com China deve ser finalizado nesta semana, diz Trump

Novo acordo sobre o TikTok — plataforma com mais de 170 milhões de usuários nos EUA — cria uma joint venture baseada nos EUA com participação majoritária de investidores americanos

Trump: acordo sobre TikTok deve ser finalizado nesta semana

Trump: acordo sobre TikTok deve ser finalizado nesta semana

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 07h24.

A China e os Estados Unidos devem finalizar o tão esperado acordo sobre o TikTok nesta semana, segundo o presidente dos EUA, Donald Trump. A decisão final acontece durante a visita de Trump à Ásia, onde é esperado que ele se reúna com o chinês Xi Jinping na quinta-feira, 30, para resolver questões sobre a guerra comercial.

Segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, ambos países chegaram a um “quadro substancial” que inclui também o adiamento por um ano das restrições chinesas sobre a exportação de minerais raros, essenciais para a indústria de tecnologia americana.

Em troca, os EUA se comprometeram a suspender os planos de impor tarifas de até 100% sobre produtos chineses.

O novo acordo sobre o TikTok — plataforma com mais de 170 milhões de usuários nos EUA — cria uma joint venture baseada nos Estados Unidos com participação majoritária de investidores americanos.

A nova estrutura será formada por três grandes blocos de acionistas: Oracle, Silver Lake e MGX (fundo soberano de Abu Dhabi) terão aproximadamente 45% de participação; a ByteDance, controladora chinesa do TikTok, ficará com menos de 20%; e os investidores institucionais americanos com participação prévia na ByteDance terão cerca de 35%, incluindo nomes como General Atlantic, Susquehanna International Group e KKR.

A avaliação oficial da operação é de US$ 14 bilhões, valor considerado muito abaixo do esperado por analistas de mercado. Estimativas anteriores apontavam que a operação americana da plataforma valeria entre US$ 35 e US$ 50 bilhões, mesmo sem o algoritmo, principal ativo da empresa.

Controle do algoritmo e preocupações de segurança nacional

O acordo define que o controle do algoritmo e da infraestrutura de dados da operação americana ficará a cargo da Oracle, que já atua como parceira tecnológica do TikTok desde 2022 no âmbito do projeto Project Texas.

A empresa, liderada por Larry Ellison, aliado próximo de Trump, será responsável por armazenar os dados dos usuários americanos em servidores nos EUA e por supervisionar a reconfiguração do algoritmo, que será "reeducado" exclusivamente com dados de usuários locais.

A governança da nova empresa também reflete o esforço americano para limitar a influência chinesa. O conselho administrativo será composto por sete membros, dos quais seis serão indicados por investidores americanos e apenas um pela ByteDance, que não terá acesso a deliberações sobre segurança ou tecnologia sensível.

Resistência no Congresso e desafios regulatórios

Apesar do avanço, o acordo enfrenta resistência no Congresso americano. John Moolenaar, deputado republicano e presidente do comitê que supervisiona a relação com a China, afirmou que o modelo de licenciamento do algoritmo ainda permitiria "influência contínua" da ByteDance. "Enquanto houver participação chinesa, haverá motivo para desconfiança", disse o parlamentar.

O negócio ainda depende de aprovações regulatórias nos EUA e na China. Pequim, por exemplo, precisa emitir uma licença de exportação para que a tecnologia do algoritmo possa ser transferida. Trump já adiou a data-limite de imposição do banimento do TikTok nos EUA quatro vezes em 2025, agora prevista para 16 de dezembro.

Por que os EUA queriam o TikTok?

O empreendedor chinês Zhang Yiming fundou a ByteDance em 2012 com a ambição de criar uma empresa de internet global.

Inspirado por figuras icônicas da tecnologia, como Steve Jobs, da Apple, e Larry Page e Sergey Brin, do Google, Zhang sonhava em fazer seus aplicativos se espalharem pelo mundo de maneira semelhante ao que aconteceu com gigantes como Google, Facebook e WhatsApp.

A visão de Zhang era que a ByteDance pudesse ultrapassar fronteiras e se tornar um nome tão reconhecido quanto essas empresas, transformando a internet global com suas inovações.

A partir daí, nasceu o TikTok, um dos aplicativos mais influentes e polêmicos da última década.

Desde o seu lançamento, o TikTok cresceu a uma velocidade impressionante, conquistando milhões de usuários ao redor do mundo, especialmente entre o público jovem.

Seu crescimento acelerado, no entanto, colocou a ByteDance em uma situação difícil já em 2020: uma disputa geopolítica entre os Estados Unidos e a China, que ameaçava diretamente a continuidade do TikTok no mercado americano.

O governo dos Estados Unidos, preocupado com questões de segurança nacional, há cinco anos apontou o TikTok como um risco devido ao seu vínculo com a China e a coleta de dados sensíveis de seus usuários americanos.

Isso levou a uma pressão crescente sobre a ByteDance para que tomasse medidas para reduzir sua participação no aplicativo e garantir que ele continuasse operando nos EUA sem colocar em risco a privacidade dos dados dos usuários.

Com o TikTok atingindo mais de 1,59 bilhão de usuários globalmente em 2025, a ByteDance enfrentou o desafio de equilibrar sua ambição global com as complexas demandas regulatórias do mercado americano.

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