TikTok Shop: funcionalidade chega hoje ao Brasil (Jaque Silva/NurPhoto/Getty Images)
Repórter
Publicado em 8 de maio de 2025 às 00h01.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 07h41.
O TikTok Shop chega ao Brasil nesta quinta-feira, 8, marcando de vez a entrada do aplicativo de vídeos curtos no maior e-commerce da América Latina.
A novidade traz quatro maneiras distintas de interação dos usuários da plataforma com os produtos:
Os primeiros produtos disponíveis no Brasil estarão em categorias como moda, beleza, saúde, eletrônicos e esportes, com destaque para as famosas garrafas Stanley, que se tornaram um fenômeno entre os criadores de conteúdo da plataforma. O TikTok também planeja expandir para novas verticais após os primeiros meses de operação no Brasil.
O TikTok, nos últimos anos, se tornou uma potência nos segmentos em que atua — e chega no Brasil competindo diretamente com gigantes do e-commerce como Magazine Luiza e Mercado Livre.
Em 2024, a Bytedance, empresa chinesa dona do TikTok, fechou o ano com uma receita de US$ 155 bilhões, um crescimento de 29% em comparação com o ano anterior.
A alta foi impulsionada principalmente pela expansão global do TikTok, que ajudou a compensar alguns dos desafios que a empresa enfrentou internamente na China. A receita internacional da ByteDance cresceu 63%, alcançando US$ 39 bilhões, o que representa aproximadamente 25% de sua receita total em 2024.
Somente o TikTok Shop, por sua vez, gerou aproximadamente US$ 32,6 bilhões em receita bruta (GMV) no ano passado, em um aumento significativo desde o seu lançamento na Àsia em 2021.
Os Estados Unidos se destacaram como o maior mercado para a plataforma, com uma contribuição de cerca de US$ 9 bilhões em GMV.No Brasil, a plataforma tem tudo para decolar.
De acordo com estimativas do Santander e do portal Digital Inside, a plataforma tem o potencial de movimentar até R$ 39 bilhões em GMV até 2028, capturando entre 5% e 9% do mercado brasileiro, o que colocaria o TikTok Shop entre os cinco maiores players do setor.
O grande diferencial da plataforma é a integração entre conteúdo e compras: ao permitir que os usuários comprem produtos diretamente durante vídeos e lives, o TikTok Shop oferece uma experiência de compra mais fluida, natural e impulsiva.
A entrada do TikTok no varejo do Brasil é mais um indício do poder asiático no setor.
A tailandesa Shopee ganhou terreno no mercado brasileiro e, de acordo com o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), a estratégia é uma ameaça real a gigantes como Mercado Livre e Amazon, embora o desafio seja grande.
A plataforma tem migrado de um modelo C2C (cliente para cliente) para um foco maior em B2C (venda direta ao consumidor), buscando aumentar o ticket médio, que atualmente gira em torno de US$ 5, um valor considerado baixo.
Em 2023, a Shopee superou a Shein em GMV, alcançando cerca de R$ 20 bilhões, e se tornou a segunda maior plataforma de e-commerce em audiência no Brasil, ficando atrás apenas do Mercado Livre.
A Shein, por sua vez, segundo o BTG, está passando por um ponto de inflexão estratégico no Brasil, seu principal mercado.
A empresa, que já enfrentava desafios regulatórios como o programa Remessa Conforme e a taxação americana sobre importações, tem acelerado a "tropicalização" de sua operação no país.
Isso inclui a ampliação do seu marketplace local, que já representa 60% das suas vendas, e a redução da dependência do modelo cross-border. Com cerca de 30 mil sellers no Brasil, a Shein pretende expandir ainda mais sua base de vendedores.
Apesar de ser uma entrante recente, a Temu, que chegou ao Brasil em 2024, segundo o banco, possui potencial de crescimento rápido, alinhando-se à tendência das plataformas asiáticas que investem na adaptação local.
A Temu já aumentou significativamente seus gastos em publicidade digital, com o objetivo de ampliar sua participação no mercado brasileiro e deve expandir sua operação nos próximos anos.
O banco ainda projeta que o e-commerce brasileiro crescerá em média 16% ao ano até 2027, mas ressalta que plataformas como Shein, Shopee e Temu não estão incluídas nas estimativas tradicionais, e podem intensificar ainda mais a competição. Imagina com o TikTok Shop.
Em termos de modelo de negócios, o TikTok Shop adota uma estrutura de comissão sobre as vendas realizadas, destacando-se por oferecer taxas mais baixas em comparação com outras plataformas de e-commerce.
Além disso, a central de afiliados do TikTok oferece duas opções de colaboração para marcas e vendedores:
Colaboração aberta: permite que qualquer criador qualificado tenha acesso aos produtos selecionados pelos vendedores, possibilitando que qualquer criador solicite amostras grátis e amplie o alcance da marca.
Colaboração direcionada: focada em um grupo seleto de criadores, onde o vendedor convida diretamente influenciadores específicos para promover seus produtos, com uma comissão personalizada.
A escolha entre uma colaboração mais ampla ou segmentada depende dos objetivos do vendedor: alcançar um público maior ou criar campanhas mais específicas com criadores selecionados.