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Trump pressiona Apple para produzir nos EUA. Especialistas alertam: preço do iPhone pode triplicar

Fabricar o smartphone da Apple no país exigiria mudanças estruturais e aumento de custos dos aparelhos

iPhone: produção nos EUA poderia triplicar o valor do aparelho (Amanz /Unsplash)

iPhone: produção nos EUA poderia triplicar o valor do aparelho (Amanz /Unsplash)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 29 de maio de 2025 às 07h39.

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O debate sobre a produção do iPhone nos Estados Unidos voltou com tudo após o presidente Donald Trump ameaçar aplicar uma tarifa de 25% aos aparelhos fabricados fora do país. A cobrança atingiria a Apple, caso não transferisse a produção para o território norte-americano. 

“Informei Tim Cook há muito tempo que espero que os iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar”, escreveu Trump na rede Truth Social. “Se não for o caso, uma tarifa de pelo menos 25% deve ser paga.”

Atualmente, a Apple concentra grande parte da produção do iPhone na China e tem ampliado a fabricação na Índia. Cook declarou recentemente que espera que a maioria dos aparelhos destinados ao mercado norte-americano venha da Índia. 

À CNN, especialistas afirmaram que fabricar iPhones nos EUA resultaria em custos muito mais altos, mudanças no design do produto e investimentos massivos em automação. Segundo Dipanjan Chatterjee, analista da consultoria Forrester, a mudança “simplesmente não funciona”.

A produção do iPhone envolve processos altamente especializados, desenvolvidos ao longo de décadas na Ásia. As fábricas da Foxconn, parceira histórica da Apple, chegaram a empregar 900 mil trabalhadores durante a alta temporada. Foi destacado, também, as estruturas complexas que incluem dormitórios e flexibilidade de turnos, algo que seria difícil reproduzir nos EUA. Atualmente, apenas 8% da força de trabalho norte-americana está no setor industrial, contra 26% em 1970, segundo dados do governo. 

A Apple anunciou recentemente que pretende investir US$ 500 bilhões nos Estados Unidos nos próximos quatro anos, em ações voltadas para pesquisa e desenvolvimento, produção de servidores e capacitação de pequenas e médias empresas. A empresa também vai abrir uma academia em Detroit para promover o uso de inteligência artificial e automação industrial. Esse investimento não conta com a produção de iPhones.

Em 2017, Tim Cook afirmou que o ambiente de fabricação na China une “habilidades artesanais, robótica sofisticada e ciência da computação” ,combinações raras que seriam essenciais para manter a precisão e a qualidade dos produtos.

Algumas empresas têm tentado realizar parte de sua produção nos Estados Unidos, como a startup Ultrahuman, que transferiu a fabricação de seu anel inteligente da Índia para o Texas. A estratégia ocorreu com a automação de etapas e treinamento de funcionários multifuncionais para conter os altos custos trabalhistas. Apesar dos ajustes, a mudança poderia triplicar o preço do iPhone caso fosse aplicada pela Apple. 

Ainda que parte da produção possa ser transferida para os EUA nos próximos cinco anos, analistas apontam que seria necessário rever até o design do aparelho, para permitir mais automação e compensar a falta de mão de obra especializada.  De acordo com Chatterjee, não é “economicamente viável trazer toda a produção para os Estados Unidos, nem é politicamente sustentável continuar dizendo que isso não será feito. É preciso caminhar numa linha tênue pelo maior tempo possível.”

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