25 de junho de 2025 às 15:15
Embora o Brasil seja líder em energia limpa e esteja à frente de várias regiões do mundo em apoio a novas tecnologias verdes, há um problema estrutural que pode comprometer seu potencial na transição energética global.
A avaliação é de Travis Hunter, Diretor do Programa de Aceleração de Empreendedorismo Regional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que identifica um gargalo no ecossistema brasileiro.
Em entrevista à EXAME no Energy Summit no Rio de Janeiro, maior evento promovido pelo MIT no Brasil, o executivo destacou que existe uma desconexão entre governos, universidades, startups e grandes empresas e este é "provavelmente o maior desafio do país" na descarbonização.
"Há uma falta de integração entre a comunidade empreendedora e outros stakeholders importantes. O empreendedorismo e a inovação são os principais motores da transição energética", disse ao caracterizar o cenário como um "desperdício do potencial brasileiro".
Em ano de Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) em Belém do Pará, a organização internacional considera participar dos debates de combate à crise climática e trazer sua experiência em outros países com ecossistemas integrados.
Com uma matriz elétrica composta por quase 90% de renováveis e impulsionada principalmente pela expansão de fontes hidrelétricas, eólica e solar, o setor vem investindo fortemente na descarbonização e em novas tecnologias.
Como tendências deste ano, estão o armazenamento energético em baterias, hidrogênio verde, eletrificação e o aumento da demanda por infraestrutura verde para alimentar a inteligência artificial.
Segundo especialistas presentes no evento nesta terça-feira, 24, muitas das inovações e soluções ainda precisam de escala e apoio financeiro para decolarem.
Para Travis, o gargalo não é só sobre falta de recursos ou subsídios governamentais. Na realidade, as startups brasileiras não conseguem obter apoio suficiente do ecossistema como um todo e ter acesso a oportunidades de colaboração com grandes corporações e universidades.
Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit, destacou à EXAME que as discussões globais sobre energia permeiam quatro pilares fundamentais, o que ele chama de "4Ds": descarbonização, digitalização, democratização e descentralização.