3 de junho de 2025 às 11:36
O Brasil desponta como peça-chave na descarbonização global da indústria siderúrgica e de alumínio, com potencial para se tornar o principal fornecedor global de metais de baixo carbono.
É o que revela um novo estudo lançado pelo Boston Consulting Group (BCG), durante o evento Brazil Climate Summit Europe. Os números refletem o tamanho da oportunidade: o país pode atrair investimentos de US$ 2,66 trilhões a US$ 3 trilhões até 2050.
Segundo o BCG, há um combinado de condições únicas: abundância de recursos naturais, matriz energética renovável e posição geográfica estratégica e é preciso aproveitar suas vantagens competitivas naturais para liderar a transição rumo à economia verde.
Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG, disse à EXAME que as rotas atuais e futuras de redução das emissões de gases de efeito estufa nestas indústrias dependem fortemente das fontes diversificadas de energia em questão.
"O que fizemos foi uma análise para ilustrar o potencial, integrando essas cadeias, exportando os metais básicos e consequentemente contribuindo com a descarbonização", destacou Ricardo.
Em escala global, se o país expandisse sua participação no mercado aos mesmos níveis de sua liderança em mineração, as emissões mundiais da produção de aço poderiam cair de 3% a 4%, enquanto as do alumínio reduziriam entre 10% e 13%.
O Brasil possui 17% das reservas globais de minério de ferro e 9% das de bauxita - matérias-primas essenciais para a produção de aço e alumínio. Paradoxalmente, representa apenas 2% da fabricação de aço bruto e 1% do alumínio primário, indicando um potencial inexplorado.
A matriz elétrica predominantemente renovável do país seria uma vantagem decisiva, reduzindo significativamente as emissões associadas ao consumo energético na indústria.
Além disso, há o fator da competitividade nacional em biomassa e o crescente compromisso governamental com políticas ambientais e incentivos para projetos verdes.
O estudo também destaca que se o Brasil conseguir articular uma oferta competitiva de 15 a 20 milhões de toneladas de aço ou alumínio para exportação, o impacto seria transformador.
O BCG reforça que a imagem brasileira de um país de recursos naturais exuberantes o posiciona também como potência em soluções verdes. Da energia eólica e solar até produção de hidrogênio verde, agricultura regenerativa, biocombustíveis e restauração florestal.
Em ano de COP30 em Belém do Pará, há uma oportunidade de apresentar resultados concretos e servir de exemplo para o mundo rumo a um futuro sustentável e justo.