ESG

Crédito de carbono: empresas multadas pelo IBAMA faturam US$ 15 Mi na Amazônia

Lia Rizzo

11 de julho de 2025 às 12:35

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Uma investigação conduzida pela Reuters identificou falhas graves no controle de beneficiários do mercado voluntário de carbono na Amazônia. Das 36 iniciativas de conservação analisadas, 24 envolvem pessoas físicas ou jurídicas penalizadas pelo IBAMA por infrações ambientais.

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Os projetos foram aprovados pela Verra e Cercarbono, organizações responsáveis por validar e registrar iniciativas no mercado voluntário global de carbono, conferindo-lhes credibilidade para comercialização internacional.

John Khuansuwan/Freepik

A Verra opera o VCS (Verified Carbon Standard), plataforma que concentra o maior volume de créditos de carbono certificados mundialmente. Já a Cercarbono é uma entidade colombiana especializada no mercado latino-americano, que opera sob metodologias próprias adaptadas à região.

Mestre1305/Freepik

O resultado expõe falhas importantes no processo de due diligence aplicado por companhias que movimentam bilhões de dólares no setor e servem como referência de qualidade para compradores corporativos globais.

Freepik/

O levantamento mostrou, entre outras coisas, que em ao menos 20 casos os responsáveis acumulavam histórico de multas antes da certificação dos projetos, enquanto em outras sete situações as infrações continuaram após o registro.

Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images

Particularmente grave, cinco projetos apresentaram violações dentro dos próprios limites das áreas protegidas, entre estas derrubada de vegetação nativa, transporte de madeira sem documentação, falsificação de informações em sistemas de rastreamento e exploração irregular.

Freepik/Freepik

O valor total das penalidades aplicadas pelo IBAMA aos envolvidos supera R$ 125 milhões, considerando infrações registradas desde 2008.

Alex Ribeiro/Ag.Pará/Divulgação

O caso mais emblemático identificado pela Reuters envolve Ricardo Stoppe Junior, médico e empresário de carbono que comercializou aproximadamente US$ 15 milhões em créditos entre 2020 e 2024. Preso, Stoppe é acusado de liderar esquema de extração de madeira ilegal.

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O relatório policial de 302 páginas, acessado pela Reuters, detalha como o grupo supostamente utilizava as iniciativas de conservação para lavar aproximadamente 1,1 milhão de metros cúbicos de madeira irregular.

/Divulgação

Após os resultados da investigação tornarem-se públicos, a Verra anunciou uma revisão formal de todos os projetos identificados na investigação e suspendeu preventivamente as iniciativas de Stoppe.

iStock/Reprodução

As descobertas surgem em um momento especialmente relevante para o Brasil, que aprovou em 2024 legislação criando mercado regulado nacional de carbono, similar aos sistemas europeu, chinês e californiano.

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