30 de junho de 2025 às 09:00
Há um pouco mais de um ano da maior catástrofe climática de sua história, o Rio Grande do Sul volta a enfrentar o pesadelo das chuvas intensas.
No último fim de semana, a Defesa Civil emitiu um alerta para o estado sobre a possibilidade de cheias dos rios devido a níveis altos de água previstos nas próximas horas.
Léo Farah, CEO e fundador da ONG Humus, organização sem fins lucrativos fundada em 2021 e especializada em resposta e prevenção de desastres, destaca que os eventos climáticos extremos são o 'novo normal' e que mesmo assim a adaptação climática continua não sendo prioridade.
Para o especialista, episódios como o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, em 2015 e anos após em Brumadinho nos evidenciam que "claramente vai acontecer de novo e muito mais rápido do que imaginamos".
"A pergunta, é: quantas tragédias ainda serão necessárias para que prevenir finalmente "dê votos" no Brasil?", refletiu em entrevista à EXAME.
Segundo o especialista que tem mais de 20 anos de experiência em resgates e tem uma equipe exclusiva de bombeiros na ONG, o grande problema das cidades é que elas só agem após o desastre. "A prevenção não dá voto", destacou.
Para Farah, as soluções para tornar cidades mais resilientes já existem e não é necessário reinventar a roda. "Precisamos apostar no que funciona e replicar", defendeu.
A exemplo de ações imediatas, o especialista cita medidas de desassoreamento dos rios, uma das principais causas do agravamento das enchentes, visto sua menor capacidade de escoamento.
Atualmente, estudos sugerem que a cada dólar que você investe em adaptação, você está economizando de 10 a 15 dólares na resposta. As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul geraram perdas bilionárias estimadas em 13 bilhões de reais.
O CEO da Humus também contou a EXAME que se inspira em um modelo japonês de prevenção para em breve construir um centro nacional de treinamento em desastres no Brasil.
"Nosso interesse é em conseguir arrecadar 20 milhões de reais para construir o novo centro. É um investimento que é ínfimo perto das perdas que você tem", argumentou Farah.