ESG

Startup brasileira recebe reconhecimento da ONU pela restauração de corais

Sofia Schuck

25 de abril de 2025 às 16:48

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Em meio à maior crise global de corais da história, mais de 80% dos recifes do mundo foram afetados pelo branqueamento e uma iniciativa brasileira ganha destaque internacional pelo seu trabalho inovador de preservação.<br /> <br />

Biofábrica de Corais/Divulgação

A Biofábrica de Corais, startup de biotecnologia fundada em 2017 a partir de pesquisas da Universidade Federal de Pernambuco recebeu um endosso da ONU e passa a ser referência mundial em restauração dentro da Década dos Oceanos.<br /> <br />

Biofábrica de Corais/Divulgação

Na prática, sua metodologia envolve uma tecnologia de impressão 3D que coleta fragmentos de corais já tombados no assoalho marinho e os transplanta para dispositivos biodegradáveis de cultivo chamados "berços".<br /> <br />

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Ali, essas estruturas se transformam em verdadeiros "berçários" que são monitorados diariamente por uma equipe de biólogos. Após um período de adaptação, os corais são acomodados em rochas por seis meses e depois são reinseridos no ambiente natural.

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A ideia nasceu do fundador e CEO Rudã Fernandes, que contou à EXAME sobre sua conexão com o oceano já na infância. Engenheiro de pesca formado na Bahia, ele se mudou para Pernambuco em 2015 especificamente para trabalhar com corais.

Heudes Regis / Guia Quatro Rodas/

Desde sua fundação, a startup já resgatou mais de 7 mil fragmentos de corais das piscinas naturais de Porto de Galinhas (PE), Tamandaré (PE) e Maragogi (AL) onde atua.

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As localidades não são à toa: estão situadas ao longo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais, que é a maior unidade de conservação do Brasil e abriga a maior barreira de espécies do mundo. Além disso, são importantes destinos turísticos.

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Até então, a Biofábrica já atendeu cerca de 300 "bioturistas" em experiências imersivas para conhecer os berçários submersos e 1.300 tutores (pessoas físicas que adotaram corais), além de estabelecer parcerias com companhias do setor como CVC, Luck, grupo Amarante e Summerville.

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Em 2024, a Biofábrica passou por um desafio gigante. Uma nova onda de branqueamento atingiu os recifes do Nordeste brasileiro e afetou cerca de 80% de tudo que havia sido inicialmente cultivado.<br /> <br />

Biofábrica de Corais/Divulgação

"As mudanças climáticas estão fazendo o branqueamento aumentar a cada ano. Em 2019, o impacto foi de 50% nas espécies; Já no ano passado, a mortalidade chegou a 95%. O evento tornou a água mais suja e o impacto foi grande na nossa operação", disse Rudã.

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O projeto ainda está em fase inicial e de aperfeiçoamento dos manejos para que os corais sejam mais resilientes e resistentes. Uma das metas para 2025 é escalar os processos e resgatar 10 mil corais até o final do ano, contou Rudã.

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O endosso da ONU integra a Biofábrica de Corais às ações da "Década do Oceano e Restauração dos Ecossistemas" (2021-2030), iniciativa global que busca conscientizar sobre a importância dos oceanos e mobilizar ações urgentes para garantir sua saúde e sustentabilidade.<br /> <br />

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Com o reconhecimento, a startup brasileira assume o compromisso de replicar seu conhecimento, fomentar e contribuir com pesquisas científicas globais, em articulação com cientistas. "Estamos discutindo a possibilidade de levar a nossa solução para outros locais", revelou Rudã.

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